CAPÍTULO 3
Por volta das 15 horas
a Van azul de Carlos deixa a rodovia principal para entrar em uma pequena
estrada que levaria os amigos ao seu destino final. Depois do incidente que
ocorreu horas antes todos permaneceram calados até aquele momento quando Carlos
quebrou o silêncio:
- Vamos garotas, não
fiquem assim! Nós não podíamos voltar lá. Não deixem isso estragar nosso fim de
semana.
- Vocês foram tão
idiotas – respondeu Denise. Como puderam abandonar uma pessoa daquele jeito. O
cara poderia estar vivo, precisando de um médico, de ajuda. Nós deveríamos ter
pelo menos ligado e pedido socorro para ele.
- É claro! E dizer
olha, nós causamos a batida do cara e agora estamos abandonando ele. Mas tentem
chegar a tempo para salva-lo. Vê se acorda para a vida Denise!!!
Lucas solta uma
risadinha. Pedro lhe dá uma cotovelada e ameniza a situação dizendo:
- Olha Denise, na hora
eu concordei com vocês, mas pensando bem não podíamos ajudar o cara. Se
voltássemos lá e ele estivesse vivo poderia ser perigoso, ele poderia estar
armado e o pior poderia acontecer.
Lucas completa a fala
de Pedro:
- E não poderíamos
pedir socorro e abandonar o cara porque isso resultaria em uma investigação
para saber se o acidente não foi causado por um ato criminoso... O que
acarretaria em muitos outros problemas para nós.
- Não interessa! – fala
Clara de forma firme. Nós não fizemos nada de errado, poderíamos explicar tudo.
Agora abandonar o cara lá foi errado e acho que é até um crime.
Giselle fala pela
primeira vez sobre a questão:
- Olha Clara, eu
entendo o seu ponto de vista, mas acho que os rapazes estão certos. Não devemos
estragar o nosso fim de semana por causa de um idiota.
- Tanto faz, não quero
ficar falando sobre isso – diz Clara. Falar não vai mudar o que aconteceu,
então é melhor esquecer.
E todos concordam.
***
Alguns minutos mais
tarde o veículo dos amigos chega ao lago pelo lado norte. O ambiente era lindo,
repleto de árvores em volta, a água era completamente transparente e o ar puro
como em nenhum outro lugar. As garotas ficam maravilhadas com a visão daquele
paraíso. Carlos começa a contornar o lago com sua Van quando Denise observa uma
casa imensa na outra extremidade do lago.
- Carlos, que casa é
aquela?
Giselle olha na direção
em que Denise estava olhando e então grita maravilhada: Que casa enorme!!!
- Como assim Denise? –
Pergunta Carlos. É a casa onde iremos ficar.
- Como assim digo eu.
Nós não íamos acampar?
- Na verdade não. Eu e
a Clara falamos isso só para que vocês se surpreendessem quando chegássemos.
Essa casa é da minha família.
Então Pedro responde
Carlos:
- Pois deu certo viu.
Estou impressionado.
E todos concordam.
A casa era enorme, de
madeira, pintada em um tom creme. A porta da frente era em um tom marrom que
contrastava com a cor do imóvel. Havia duas janelas grandes, uma de cada lado
da porta. No segundo andar existiam três janelas. No lado direito da casa havia
outra casa menor, construída de tijolos, pintada na mesma cor da casa principal,
com uma porta e uma janela. Todos observavam admirados o imóvel da família de
Carlos até que este começou a falar:
- Aquelas três janelas
do segundo andar são cada uma de um quarto e atrás deles existem mais três. A
casa menor é onde mora o caseiro. E aquele barco é para passear no lago.
- Puxa! Já estou
prevendo um fim de semana daqueles – Exclamou Giselle com um grande sorriso.
Quantas vezes você esteve aqui Clara?
- Na verdade nenhuma. É
a primeira vez que venho e devo dizer que estou tão maravilhada quanto você e a
Denise.
- Admito que estou
realmente surpresa – falou Denise. O segredinho de vocês me pegou de jeito.
- É Carlos, valeu a
pena ter vindo! – diz Pedro concordando com Denise.
E Lucas libera sua
energia gritando:
- Pisa fundo Carlos que
quero curtir o mais cedo possível!!!
***
A Van estaciona em
frente da casa e quase imediatamente um homem alto e forte, de boa aparência,
com cerca de trinta anos, usando camiseta branca, calça camuflada, botas, e um
facão na cintura se aproxima dos amigos e cumprimenta Carlos apertando a mão
deste.
- Vocês demoraram.
Achei que não viriam mais.
- Paramos para almoçar.
Pessoal esse é o Nicolas, ele é o caseiro que cuida aqui da propriedade.
Nicolas esses são Giselle, Denise, Pedro, Lucas e a minha namorada Clara.
O caseiro acena
positivamente com a cabeça. Pedro e Lucas retribuem o cumprimento fazendo o
mesmo gesto. As garotas apenas sorriem principalmente Giselle que se interessa
muito pelo rapaz olhando-o de cima em baixo.
- Como seu pai me ligou
no início da semana falando que vocês viriam eu ajeitei a casa e dei um trato
no motor do barco. Fiquem a vontade e se precisarem de alguma coisa estarei na
minha casa.
- Certo. Obrigado
Nicolas.
***
Todos entraram na casa.
O primeiro andar era divido em dois cômodos. O primeiro era uma sala, com um
enorme sofá e vários puffs do lado direito, na frente destes havia uma estante
onde estavam uma televisão de 42 polegadas, um aparelho DVD e uma grande coleção
de DVDs. A esquerda havia uma escada com corrimão de madeira, por onde se
acessava o segundo andar. Mais ao fundo da sala havia uma mesa de jantar para
oito pessoas e a esquerda abaixo da escada existia uma estante com vários
livros. Na parede do fundo estava à porta por aonde se chegava à cozinha. Nela
havia um fogão e um freezer na parede esquerda, um balcão na parede do fundo e
ao lado deste uma porta por onde se saía da casa, uma geladeira logo a direita
da porta que dava acesso à sala, um pequeno armário a esquerda dessa porta, e
um grande armário na parede da direita. No fundo da casa ficava um pequeno
cômodo que era utilizado como depósito. Carlos mostrou a casa para todos e
depois falou:
- Bom pessoal, agora
que vocês conheceram o primeiro andar podem se instalar e ficar a vontade, a
casa é de vocês. O sinal do celular é ruim aqui, mas na estrada ele é melhor. A
energia elétrica é gerada por um gerador que fica no depósito e temos que
colocar gasolina nele. Como eu falei lá em cima tem seis quartos. O ultimo do
lado direito é meu e da Clara. O banheiro fica no fim do corredor. Vocês podem
ficar a vontade e escolher o de vocês.
***
Algumas horas depois já
estava anoitecendo e os amigos já haviam descarregado a Van, abastecido a
geladeira e ocupado seus quartos. Pedro ficou com o primeiro quarto à direita,
Denise com o primeiro à esquerda, Lucas ficou com o ultimo quarto à esquerda e Giselle
ficou com o segundo quarto à direita.
Todos exceto Lucas
estavam na cozinha conversando alegremente enquanto Clara e Carlos cozinhavam.
Foi então que Clara decidiu colocar seu plano de juntar Pedro e Denise em ação.
- Pedro por que você e
a Denise não vão para a sala e escolhem o filme que iremos assistir?
Pedro encolheu os ombros
e disse:
- Por mim tudo bem.
Você gostaria de me acompanhar Denise?
- Claro Pedro. Vai ser
um prazer.
Os dois saíram rumo à
sala. Clara e Carlos começaram a se beijar e a confabular sobre o casalzinho
que eles estavam tentando formar. Giselle que não gostava de ficar de vela
subiu para o segundo andar. Chegando lá ela escutou o barulho do chuveiro e não
perdeu tempo, abriu a porta devagar e entrou no banheiro.
Lucas não pareceu nem
um pouco surpreso com a chegada de Giselle.
- Eu estava esperando
por você. Achei que tivesse ficado acanhada de repente.
Giselle tirou sua roupa
e então se aproximou de forma voraz de Lucas e falou:
- Querido, quando eu
acabar será você quem ficara acanhado.
***
- Que tipo de filme
você gosta Pedro?
- Sou fã de filmes de terror.
- Sério? Eu também. Amo
de paixão.
- Que coincidência.
Bem, vamos ver se encontramos algum filme de terror bom aqui então Denise.
- Claro!
Os dois procuraram até
que Denise encontrou um. Pânico na Floresta! Que tal esse? Pedro solta um
sorriso e responde: Amo esse filme. Denise fica contente e completa: Que bom!
Além de lindo tem ótimo gosto. Os dois ficam meio acanhados, mas Pedro não
desvia o olhar. Ele aproxima lentamente seu rosto do de Denise, e se aproxima
mais, mais, até que ela não aguenta mais se segurar e o beija. Um beijo
apaixonado e cheio de fogo, um primeiro beijo guardado por anos. Clara estava
escondida atrás da porta e vê tudo. Sua missão acabou sendo mais fácil do que
ela esperava.
***
Mais tarde o jantar
ficou pronto. Todos tomaram banho e se juntaram na sala para jantar enquanto
assistiam ao filme escolhido pelo mais novo casal formado. Depois os garotos
fizeram uma fogueira em frente à casa próximo ao lago... e se reuniram ao redor dela e
começaram a contar histórias, algumas de terror, embora nada assustadoras.
Então Nicolas se aproxima dos amigos.
- Boa noite pessoal!
- E ai Nicolas –
responde Carlos. Senta ai com a gente cara.
Nicolas se senta com os
amigos. Notei que vocês estavam contando histórias de terror pessoal. Será que
posso contar uma?
Todos concordam.
- Bom. Isso aconteceu
há alguns anos. Cerca de dez quilômetros ao leste daqui existe uma pequena
cidade. Nela havia um homem. Ele era solitário, quase nunca conversava com os
moradores e ninguém sabia nada sobre ele. Certo dia um grupo de seis
adolescentes que estava acampando próximo daqui foi atacado por alguém. Eles
foram mortos da forma mais cruel possível, havia sangue por todos os lados,
alguns tiveram suas gargantas cortadas, outros foram estripados. A polícia
local investigou e não encontrou nenhum suspeito. Então os moradores acusaram
aquele homem que ninguém conhecia direito. A polícia não podia fazer nada porque não
havia provas contra ele, mas o que aconteceu depois foi algo chocante. Algumas
dezenas de pessoas foram até a casa daquele homem e o torturaram até a morte.
As autoridades não fizeram nada contra os culpados daquele crime, e tudo foi
esquecido como se a justiça tivesse sido feita. Mas acontece que alguns meses
depois outro grupo de adolescentes foi massacrado da mesma forma que o
primeiro. Foi aí que as pessoas perceberam que aquele homem não tinha nada a
ver com aqueles homicídios. A polícia nunca encontrou o culpado, mas ao longo
dos anos muitos jovens que vem de fora da cidade para acampar na região foram
assassinados de forma brutal. Uns dizem que é o mesmo cara do primeiro
homicídio, outros que é o espírito do homem que voltou para se vingar do que
foi feito com ele. Fim.
- Nicolas, você é um
idiota se acha que vamos acreditar em você – falou Carlos quando o caseiro acabou
de falar.
- Pode crer cara –
concordou Lucas.
As garotas por outro
lado estavam um pouco assustadas. Pedro percebeu isso. Bom, acho que é hora de
todos irmos dormir, já está tarde e amanhã o dia vai ser longo. As garotas
concordaram com Pedro e seus amigos também. Nicolas se despediu e todos foram
para cama. Giselle foi dormir no quarto de Lucas. Pedro e Denise dormiram
juntos no quarto dele. Normalmente Denise não dormiria com um cara na primeira
noite, mesmo esse cara sendo o Pedro. Mas o fato é que a história de Nicolas
havia assustado tanto ela quanto as amigas e nenhuma delas queria passar a
noite sozinha.
Continua......
Por Vinícius Vieira de Faria.
Em 21/08/2014.
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