quinta-feira, 21 de agosto de 2014

UM CONTO DE HORROR NO LAGO - CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 3

Por volta das 15 horas a Van azul de Carlos deixa a rodovia principal para entrar em uma pequena estrada que levaria os amigos ao seu destino final. Depois do incidente que ocorreu horas antes todos permaneceram calados até aquele momento quando Carlos quebrou o silêncio:

- Vamos garotas, não fiquem assim! Nós não podíamos voltar lá. Não deixem isso estragar nosso fim de semana.

- Vocês foram tão idiotas – respondeu Denise. Como puderam abandonar uma pessoa daquele jeito. O cara poderia estar vivo, precisando de um médico, de ajuda. Nós deveríamos ter pelo menos ligado e pedido socorro para ele.

- É claro! E dizer olha, nós causamos a batida do cara e agora estamos abandonando ele. Mas tentem chegar a tempo para salva-lo. Vê se acorda para a vida Denise!!!

Lucas solta uma risadinha. Pedro lhe dá uma cotovelada e ameniza a situação dizendo:

- Olha Denise, na hora eu concordei com vocês, mas pensando bem não podíamos ajudar o cara. Se voltássemos lá e ele estivesse vivo poderia ser perigoso, ele poderia estar armado e o pior poderia acontecer.

Lucas completa a fala de Pedro:

- E não poderíamos pedir socorro e abandonar o cara porque isso resultaria em uma investigação para saber se o acidente não foi causado por um ato criminoso... O que acarretaria em muitos outros problemas para nós.

- Não interessa! – fala Clara de forma firme. Nós não fizemos nada de errado, poderíamos explicar tudo. Agora abandonar o cara lá foi errado e acho que é até um crime.

Giselle fala pela primeira vez sobre a questão:

- Olha Clara, eu entendo o seu ponto de vista, mas acho que os rapazes estão certos. Não devemos estragar o nosso fim de semana por causa de um idiota.

- Tanto faz, não quero ficar falando sobre isso – diz Clara. Falar não vai mudar o que aconteceu, então é melhor esquecer.

E todos concordam.

***

Alguns minutos mais tarde o veículo dos amigos chega ao lago pelo lado norte. O ambiente era lindo, repleto de árvores em volta, a água era completamente transparente e o ar puro como em nenhum outro lugar. As garotas ficam maravilhadas com a visão daquele paraíso. Carlos começa a contornar o lago com sua Van quando Denise observa uma casa imensa na outra extremidade do lago.

- Carlos, que casa é aquela?

Giselle olha na direção em que Denise estava olhando e então grita maravilhada: Que casa enorme!!!

- Como assim Denise? – Pergunta Carlos. É a casa onde iremos ficar.

- Como assim digo eu. Nós não íamos acampar?

- Na verdade não. Eu e a Clara falamos isso só para que vocês se surpreendessem quando chegássemos. Essa casa é da minha família.

Então Pedro responde Carlos:

- Pois deu certo viu. Estou impressionado.

E todos concordam.

A casa era enorme, de madeira, pintada em um tom creme. A porta da frente era em um tom marrom que contrastava com a cor do imóvel. Havia duas janelas grandes, uma de cada lado da porta. No segundo andar existiam três janelas. No lado direito da casa havia outra casa menor, construída de tijolos, pintada na mesma cor da casa principal, com uma porta e uma janela. Todos observavam admirados o imóvel da família de Carlos até que este começou a falar:

- Aquelas três janelas do segundo andar são cada uma de um quarto e atrás deles existem mais três. A casa menor é onde mora o caseiro. E aquele barco é para passear no lago.

- Puxa! Já estou prevendo um fim de semana daqueles – Exclamou Giselle com um grande sorriso. Quantas vezes você esteve aqui Clara?

- Na verdade nenhuma. É a primeira vez que venho e devo dizer que estou tão maravilhada quanto você e a Denise.

- Admito que estou realmente surpresa – falou Denise. O segredinho de vocês me pegou de jeito.

- É Carlos, valeu a pena ter vindo! – diz Pedro concordando com Denise.

E Lucas libera sua energia gritando:

- Pisa fundo Carlos que quero curtir o mais cedo possível!!!

***

A Van estaciona em frente da casa e quase imediatamente um homem alto e forte, de boa aparência, com cerca de trinta anos, usando camiseta branca, calça camuflada, botas, e um facão na cintura se aproxima dos amigos e cumprimenta Carlos apertando a mão deste.

- Vocês demoraram. Achei que não viriam mais.

- Paramos para almoçar. Pessoal esse é o Nicolas, ele é o caseiro que cuida aqui da propriedade. Nicolas esses são Giselle, Denise, Pedro, Lucas e a minha namorada Clara.

O caseiro acena positivamente com a cabeça. Pedro e Lucas retribuem o cumprimento fazendo o mesmo gesto. As garotas apenas sorriem principalmente Giselle que se interessa muito pelo rapaz olhando-o de cima em baixo.

- Como seu pai me ligou no início da semana falando que vocês viriam eu ajeitei a casa e dei um trato no motor do barco. Fiquem a vontade e se precisarem de alguma coisa estarei na minha casa.

- Certo. Obrigado Nicolas.

***

Todos entraram na casa. O primeiro andar era divido em dois cômodos. O primeiro era uma sala, com um enorme sofá e vários puffs do lado direito, na frente destes havia uma estante onde estavam uma televisão de 42 polegadas, um aparelho DVD e uma grande coleção de DVDs. A esquerda havia uma escada com corrimão de madeira, por onde se acessava o segundo andar. Mais ao fundo da sala havia uma mesa de jantar para oito pessoas e a esquerda abaixo da escada existia uma estante com vários livros. Na parede do fundo estava à porta por aonde se chegava à cozinha. Nela havia um fogão e um freezer na parede esquerda, um balcão na parede do fundo e ao lado deste uma porta por onde se saía da casa, uma geladeira logo a direita da porta que dava acesso à sala, um pequeno armário a esquerda dessa porta, e um grande armário na parede da direita. No fundo da casa ficava um pequeno cômodo que era utilizado como depósito. Carlos mostrou a casa para todos e depois falou:

- Bom pessoal, agora que vocês conheceram o primeiro andar podem se instalar e ficar a vontade, a casa é de vocês. O sinal do celular é ruim aqui, mas na estrada ele é melhor. A energia elétrica é gerada por um gerador que fica no depósito e temos que colocar gasolina nele. Como eu falei lá em cima tem seis quartos. O ultimo do lado direito é meu e da Clara. O banheiro fica no fim do corredor. Vocês podem ficar a vontade e escolher o de vocês.

***

Algumas horas depois já estava anoitecendo e os amigos já haviam descarregado a Van, abastecido a geladeira e ocupado seus quartos. Pedro ficou com o primeiro quarto à direita, Denise com o primeiro à esquerda, Lucas ficou com o ultimo quarto à esquerda e Giselle ficou com o segundo quarto à direita.
Todos exceto Lucas estavam na cozinha conversando alegremente enquanto Clara e Carlos cozinhavam. Foi então que Clara decidiu colocar seu plano de juntar Pedro e Denise em ação.

- Pedro por que você e a Denise não vão para a sala e escolhem o filme que iremos assistir?

Pedro encolheu os ombros e disse:

- Por mim tudo bem. Você gostaria de me acompanhar Denise?

- Claro Pedro. Vai ser um prazer.

Os dois saíram rumo à sala. Clara e Carlos começaram a se beijar e a confabular sobre o casalzinho que eles estavam tentando formar. Giselle que não gostava de ficar de vela subiu para o segundo andar. Chegando lá ela escutou o barulho do chuveiro e não perdeu tempo, abriu a porta devagar e entrou no banheiro.

Lucas não pareceu nem um pouco surpreso com a chegada de Giselle.

- Eu estava esperando por você. Achei que tivesse ficado acanhada de repente.

Giselle tirou sua roupa e então se aproximou de forma voraz de Lucas e falou:

- Querido, quando eu acabar será você quem ficara acanhado.

***

- Que tipo de filme você gosta Pedro?

- Sou fã de filmes de terror.

- Sério? Eu também. Amo de paixão.

- Que coincidência. Bem, vamos ver se encontramos algum filme de terror bom aqui então Denise.

- Claro!

Os dois procuraram até que Denise encontrou um. Pânico na Floresta! Que tal esse? Pedro solta um sorriso e responde: Amo esse filme. Denise fica contente e completa: Que bom! Além de lindo tem ótimo gosto. Os dois ficam meio acanhados, mas Pedro não desvia o olhar. Ele aproxima lentamente seu rosto do de Denise, e se aproxima mais, mais, até que ela não aguenta mais se segurar e o beija. Um beijo apaixonado e cheio de fogo, um primeiro beijo guardado por anos. Clara estava escondida atrás da porta e vê tudo. Sua missão acabou sendo mais fácil do que ela esperava.

***

Mais tarde o jantar ficou pronto. Todos tomaram banho e se juntaram na sala para jantar enquanto assistiam ao filme escolhido pelo mais novo casal formado. Depois os garotos fizeram uma fogueira em frente à casa próximo ao lago... e se reuniram ao redor dela e começaram a contar histórias, algumas de terror, embora nada assustadoras. Então Nicolas se aproxima dos amigos.

- Boa noite pessoal!

- E ai Nicolas – responde Carlos. Senta ai com a gente cara.

Nicolas se senta com os amigos. Notei que vocês estavam contando histórias de terror pessoal. Será que posso contar uma? 

Todos concordam.

- Bom. Isso aconteceu há alguns anos. Cerca de dez quilômetros ao leste daqui existe uma pequena cidade. Nela havia um homem. Ele era solitário, quase nunca conversava com os moradores e ninguém sabia nada sobre ele. Certo dia um grupo de seis adolescentes que estava acampando próximo daqui foi atacado por alguém. Eles foram mortos da forma mais cruel possível, havia sangue por todos os lados, alguns tiveram suas gargantas cortadas, outros foram estripados. A polícia local investigou e não encontrou nenhum suspeito. Então os moradores acusaram aquele homem que ninguém conhecia direito. A polícia não podia fazer nada porque não havia provas contra ele, mas o que aconteceu depois foi algo chocante. Algumas dezenas de pessoas foram até a casa daquele homem e o torturaram até a morte. As autoridades não fizeram nada contra os culpados daquele crime, e tudo foi esquecido como se a justiça tivesse sido feita. Mas acontece que alguns meses depois outro grupo de adolescentes foi massacrado da mesma forma que o primeiro. Foi aí que as pessoas perceberam que aquele homem não tinha nada a ver com aqueles homicídios. A polícia nunca encontrou o culpado, mas ao longo dos anos muitos jovens que vem de fora da cidade para acampar na região foram assassinados de forma brutal. Uns dizem que é o mesmo cara do primeiro homicídio, outros que é o espírito do homem que voltou para se vingar do que foi feito com ele. Fim.

- Nicolas, você é um idiota se acha que vamos acreditar em você – falou Carlos quando o caseiro acabou de falar.

- Pode crer cara – concordou Lucas.

As garotas por outro lado estavam um pouco assustadas. Pedro percebeu isso. Bom, acho que é hora de todos irmos dormir, já está tarde e amanhã o dia vai ser longo. As garotas concordaram com Pedro e seus amigos também. Nicolas se despediu e todos foram para cama. Giselle foi dormir no quarto de Lucas. Pedro e Denise dormiram juntos no quarto dele. Normalmente Denise não dormiria com um cara na primeira noite, mesmo esse cara sendo o Pedro. Mas o fato é que a história de Nicolas havia assustado tanto ela quanto as amigas e nenhuma delas queria passar a noite sozinha.

Continua......


Por Vinícius Vieira de Faria.
Em 21/08/2014.

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