sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A AMANTE DE SANGUE - CAPÍTULO 5

- Onde está meu marido? – Pergunta Lígia a uma enfermeira no balcão do hospital.

- Quem é seu marido? – A enfermeira pergunta.

- O delegado.

- Acalme-se senhora. Seu marido está na cirurgia. Nós a avisaremos assim que tivermos 
notícias.

- Eu quero vê-lo agora! – Ligia diz gritando.

- Ligia. – Fernando chama por ela. Ligia vira-se para ele e o abraça. – Está tudo bem. 
Acalme-se. Ele vai ficar bem.

- Você tem certeza? – Ela pergunta se afastando de Fernando.

- Tenho. Não conheço uma pessoa mais forte que o Gabriel.

- Mas o que aconteceu?

- Estávamos jantando quando ele se levantou e foi atrás de alguém. Quando o alcançamos 
ele estava caído no chão e coberto de sangue.

Laura surge atrás de Fernando. Ligia não gosta de vê-la ali.

- O que está fazendo aqui? – Ela pergunta à legista.

- Eu estava jantando com os dois. Sinto por seu marido.

Ligia olha para Laura com indiferença. – Obrigada. – Ela responde.

O médico se aproxima do trio.

- Quem é o parente mais próximo do delegado Gabriel? – Ele pergunta.

- Sou eu. – Ligia responde. – Sou a esposa.

- Seu marido sofreu um ferimento no diafragma. Acreditamos que tal ferimento foi causado 
por uma lâmina, provavelmente uma faca de tamanho pequeno á médio.

- E como ele está doutor? – Ligia pergunta.

- A cirurgia correu bem. Ele está estável. Agora cabe a ele se recuperar.

- E eu posso vê-lo?

- Sim.

***

Tudo estava escuro, até que surge uma fresta de luz que começa a se expandir aos poucos.

- Ele está abrindo os olhos. – Gabriel escuta alguém falando.

Aos poucos os olhos de Gabriel se abrem mais. Sua visão está embaçada. Ele pisca. Na sua frente está Ligia. Ela segura e aperta a mão dele.

O coração de Gabriel fica cheio de alegria. Ver sua amada esposa mais uma vez era algo inimaginavelmente maravilhoso para ele. Os dois sorriem um para o outro.

- Oi! – Ele diz para ela.

- Oi? – Ela começa a chorar. – Você me vem com um “Oi” depois de quase ter morrido? Eu deveria te dar uma surra.

- Claro. Afinal esse é seu jeito de demonstrar que me ama. – Ele sorri novamente.
Ligia pula sobre Gabriel e o abraça.

Ele se contrai embaixo dela. – Cuidado com meu ferimento.

- Desculpe. – Ela diz se levantando.

- O Fernando está aí?

- Está. Vou chama-lo.

Fernando e Laura entram no quarto.

- E aí chefe. – Fernando cumprimenta o delegado. – O senhor é duro na queda em.

- Pode ter certeza que sim. O que descobriu no local onde fui atacado?

- Ainda não sabemos. Outro perito ficou responsável por analisar o local do ataque. Mas duvido que consigamos algo de relevante.

- Concordo. Mas eu posso fornecer uma informação importante.

- E qual é? – Pergunta Laura.

- Confirmei que a assassina é morena.

- E como sabe que ela era a assassina?- Fernando pergunta.

- Instinto. Ela nos observou a noite inteira. E depois fugiu quando eu fui atrás dela.

- E porque ela estava te observando? – Ligia fica curiosa.

- Acho que ela observava a todos nós.

Fernando e Laura se entreolham. Ligia fica surpresa.

- Pensem bem. Primeiro ela foi atrás do Paulo. Agora ela veio até nós, nos observou e me 
atacou quando teve oportunidade. Ela está nos visando. Eu só não sei o motivo.

- Talvez não goste de quem investiga suas ações. – Comenta Fernando.

- É uma possibilidade. – Responde Gabriel. – Mas pela minha experiência, as coisas nunca são assim tão simples.

- O que quer dizer com isso chefe?

- Que talvez tenha algo mais por trás desses ataques que sofremos.

- Pode ser.

- Tenham cuidado vocês dois. – Gabriel diz para Laura e Fernando. – Ela pode atacar novamente.

- Sim senhor. – Diz Fernando.

- Sim. – Confirma Laura.

- Agora vocês podem ir. Quero ficar sozinho com minha esposa.

***

“Eu te amo.”

Diz Gabriel.

“Eu sei. Também te amo. Mas se você me assustar assim de novo eu te mato.”

Responde Ligia.

Ela estava deitada junto de seu marido. Sua cabeça repousava sobre o peito de seu 
marido, e com sua mão ela acariciava o rosto dele.

- Ficou mesmo preocupada comigo?

Ela levanta a cabeça e o olha nos olhos.

- O que é que você acha?

- Um pouquinho? – Ele faz o gesto com os dedos demonstrando a quantidade.

“Tap.”

Ela o atinge com um tapa.

- Seu bobo.

“Hahaha.”

Ambos riem.

- Acho que você precisa comer alguma coisa.

- É. Tem razão. Mas você sabe que detesto comida de hospital.

Ligia olha Gabriel desconfiada.

- Está querendo me convencer a contrabandear comida para dentro do hospital?

Ele sorri.

- Pois deu certo.

Mais risadas.

Um longo e molhado beijo.

- Já volto. Acho que vi um restaurante italiano aí na frente.

Ela corre para porta. Ao passar cruza com Fernando.

- E aí chefe. Como está se sentindo?

- Do mesmo jeito. E você? Está aqui para trazer alguma novidade?

- Infelizmente não. Os peritos não encontraram nenhum vestígio no local onde o senhor foi 
atacado.

- Entendo.

- Mas vamos continuar investigando.

- Não se preocupe Fernando. Logo estarei de volta.

- Tem certeza chefe?

- É claro. Esse ferimento não vai me segurar muito tempo. Isso posso garantir.

Toc! Toc!

Os dois olham para a porta.

- Como vocês estão rapazes? – Pergunta Laura.

- Bem. – Responde Fernando.

- Idem. – Gabriel complementa.

- Que bom. E onde está a “xerife”?

- Foi comprar algo que não tenha gosto de isopor. E não se refira a ela assim.

Laura levanta as mãos.

- Desculpe.

- Você tem notícias melhores do que as do Fernando.

- Não. Para falar a verdade, não tenho mantido contato com os peritos.

- E por que não?

- Porque meus interesses estão voltados para este hospital. Para esse quarto na verdade.

- Que seja. Responde Gabriel.

O delegado olha para o relógio na parede.

- Estranho!

- O que chefe?

- Já era para a Ligia ter voltado.

- Tentando mudar de assunto. Típico! – Laura diz.

- Estou falando sério. – Gabriel responde. Ele leva a mão até a mesa de cabeceira e pega 
seu celular. Na tela ele disca o número de Ligia.

O telefone toca três vezes e então é atendido.

- Que bom que atendeu. Onde você está?

Uma voz feminina e arrepiante responde.

- Sua esposa não pode atender no momento. E a culpa é toda sua.

- Quem está falando? Onde ela está?

A única resposta que Gabriel obtém é o som agudo e continuo da ligação perdida. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A AMANTE DE SANGUE - CAPÍTULO 4

Primmm!!!

O alarme do relógio desperta. Gabriel abre seus olhos, estende sua mão direita até o aparelho e o desliga. Ele respira profundamente. Ligia está deitada sobre seu ombro esquerdo. Gabriel a observa por certo tempo, até que ela sorri.

- Bom dia para você! – Ligia diz sorrindo para o marido.

- Bom dia meu amor! – Gabriel responde.

- Adorei a noite. – Ela se estica para beijar a boca de Gabriel.

- Eu também. Foi tudo maravilhoso.

- Que bom que gostou. Vou preparar um belo café da manhã para que você recupere as forças.

- Obrigado.

Ligia se levanta. Gabriel observa o corpo nu de sua mulher, admirando cada centímetro das curvas dela. Ela pega a camisola que estava no chão e a veste. Os dois se olham de forma profunda, terna. Eles se desejavam mais do que tudo naquele momento, e o amor um do outro se estendia pelo quarto unindo-os. Os lábios de Lígia tremem prestes a dizerem “eu te amo”, mas antes disso o telefone de Gabriel toca, trazendo-os de volta de seu transe. 

Ele atende.

- Diga Laura. – Diz o Delegado.

Do outro lado da linha a perita começa a falar. Gabriel escuta com muita atenção. Ligia o observa atenta, e nota uma alteração na expressão de seu marido.

- Tem certeza? – Ele pergunta.

Gabriel escuta a resposta.

- Entendo. Estou indo. – Ele diz e desliga o celular.

- O que foi? – Pergunta Ligia, com uma expressão de desapontamento.

- Parece que só terei tempo para um café.

- Por quê? É só essa mulher ligar uma vez e você já sai correndo?

- Não é nada disso.

- E o que é então?

- Lembra-se do detetive Paulo que trabalha comigo?

- Sim. Me lembro. O que tem ele?

- Está morto!

***

Gabriel caminha pelo corredor com pressa. Ele estava em um pequeno hotel do subúrbio. As pessoas estavam próximas às paredes, deixando o caminho livre para que o delegado caminhasse. Ele entra pela porta do quarto e encontra a cena do crime.

Da porta Gabriel vê Paulo caído sobre a cama. A garganta do detetive havia sido cortada. Os olhos foram feridos. Seu pênis tinha sido removido, assim como o das outras vítimas. No abdômen dele estavam presentes várias perfurações. A cama estava banhada em sangue.

Laura estava parada ao lado da cama. O delegado a olha com ódio estampado no olhar. A legista sente um frio passar por sua espinha. Gabriel se aproxima dela.

- O que descobriu? – Gabriel pergunta com a voz grave.

- Ainda não sei. – Ela responde. – Estou apenas coletando amostras para analisar tudo no laboratório.

- Não cometa nenhum erro. E trabalhe o mais rápido possível. – Gabriel diz com a voz impregnada de raiva. – Seja quem for que cometeu esse crime, cometeu um grave erro.

- Fique calmo Gabriel. – Ela diz.

O delegado a olha com raiva. – Não ficarei calmo até acabar com quem fez isso. – Ele diz de forma ríspida.

O detetive Fernando se aproxima.

- Delegado. – Ele chama pelo chefe.

Gabriel vira-se para o detetive.

- Qual foi à última vez que você viu o Paulo? – Ele pergunta ao detetive.

- Ontem à noite. – Fernando responde. – Depois que o senhor e a doutora foram para casa, nós ficamos por mais um tempo finalizando a papelada e então fomos embora. O Paulo perguntou se eu queria ir ao Fandangos com ele para bebermos. Mas eu recusei e fui para casa.

- E você acha que ele foi sozinho para o bar?

- Acredito que sim.

Gabriel passa por Fernando e se dirige para a porta.

- Para onde o senhor vai? – Pergunta Fernando.

- Para o Fandangos!

***

O barman estava com a cabeça abaixada, olhando para uma revista de carros quando tem sua atenção chamada por alguém a sua frente. Ao levantar a cabeça seu olhar se depara com uma identificação policial. Ele a lê.

- Delegado Gabriel? – Ele diz um pouco hesitante. – Em que posso ajuda-lo delegado?
Gabriel guarda sua identificação e mostra uma foto de Paulo para o barman.

- Esse homem esteve aqui ontem?

- Sim. Chegou no início do meu turno, por volta das nove da noite.

- Ele estava acompanhado? Ou conheceu alguém enquanto estava aqui?

- Creio que não.

- Tem certeza? – Gabriel pergunta com a voz firme, mostrando a seriedade da situação.

- Tenho. Eu o atendi. Ele ficou até por volta das dez horas e então foi embora.

- Ele não conversou com ninguém enquanto estava aqui?

- Não. Ele olhou para algumas mulheres, mas no fim saiu sem falar com ninguém.

- Certo. Obrigado.

***

Gabriel adentra o laboratório de análises de forma brusca. Ele se dirige até Laura.

- Espero que tenha boas notícias para mim. – Gabriel fala para a legista.

- Mais ou menos. O legista encontrou fios de cabelo ruivo na mão esquerda de Paulo.

Gabriel levanta uma das sobrancelhas em sinal de indagação.

- E?

- Eu analisei o material a procura de DNA, mas não encontrei nenhum.

- Como assim?

- Acontece que não eram fios de cabelo humano.

- E o que eram então?

- Fios de uma peruca.

- Interessante.

- E como isso pode ser interessante?

- Porque agora eu tenho certeza de uma coisa.

- Que coisa seria essa?

- Nós estamos atrás de apenas uma pessoa.

***

- Tem certeza disso chefe? – Pergunta Fernando.

- Tenho. Responde Gabriel.

Eles estavam na sala do delegado, acompanhados pela legista, debatendo sobre o caso.

- E como você chegou a essa conclusão? – Pergunta Laura.

- É bem simples. Lembra-se deu lhe dizer que é muito difícil surgirem dois assassinos com método operante tão semelhante?

- Sim. Eu me lembro.

- Pois então, se dois seria difícil, três seria quase impossível.

A legista e o detetive observam o delegado com muita atenção.

- Prossiga. – Diz Fernando.

- Nós temos três homicídios, todos muito semelhantes. A única coisa de diferente é a suspeita do segundo crime.

- Exatamente. – Diz Laura. – Ela era loira.

- Sim. E as outras duas mortes foram causadas por uma ruiva. – Diz Fernando.

- Aí é que está! – Exclama Gabriel de forma convicta. – Quem matou Paulo não era uma ruiva. A pessoa usava peruca como vocês bem sabem.

- E o que isso prova? – Pergunta Laura.

- É um indicio. Sozinho não diz muito, mas serviu para eu me atentar de uma coisa.

- E que coisa é essa? – Fernando indaga Gabriel.

- De que a criminosa gosta de disfarces. Primeiro ela apareceu como uma ruiva. Depois como uma loira de cabelos curtos. Isso foi para nos deixar perdidos, o que deu certo. Agora ela reaparece como ruiva.

- Mas porque reaparecer como ruiva? Não seria melhor usar um novo disfarce? – Pergunta Laura.

- Não. Um novo disfarce seria péssimo. Seria tentar nos fazer crer que existe um terceiro assassino. Seja quem for essa mulher, ela sabe que três assassinas seria demais para acreditarmos, e talvez começássemos a desconfiar.

Laura e Fernando acenam com a cabeça, indicando que entenderam o raciocínio do delegado.

- Além disso, reaparecendo como ruiva, ela nos indicaria que realmente existiam duas assassinas, uma loira e outra ruiva. Isso nos deixaria perdidos e procurando pela pessoa errada, já que ela provavelmente não é nem um nem outro.

- Como assim? – Pergunta Laura.

- A assassina provavelmente é morena.

- Por que tem tanta certeza disso?

- Simples. Ela se disfarçou de loira e de ruiva, duas coisas que ela não é. O objetivo era nos fazer procurar alguém que fosse completamente diferente dela, para que ela passasse despercebida e nunca fosse encontrada.

Laura e Fernando se entreolham, espantados com o raciocínio do delegado.
Mas ela acabou cometendo um grave erro dessa vez.

- E qual foi? – Pergunta Fernando.

- Deixar os fios da peruca na cena do crime. Isso foi como deixar a primeira migalha da trilha de farelos que me levarão até ela.

***

- O que o legista falou? – Gabriel pergunta a Laura antes de beber um gole de seu vinho.

- Haviam marcas nos pulsos e tornozelos de Paulo. Ele havia sido amarrado à cama.

- Provavelmente achou que ia se divertir. – Diz Fernando.

- Provavelmente. – Confirma Gabriel.

- O doutor disse que provavelmente Paulo foi golpeado na barriga, três vezes. Ele se debateu e lutou, causando assim as marcas nos pulsos e tornozelos. Ele ainda estava vivo quando teve seu pênis removido. Ela o deixou sangrando e agonizando até que decidiu degolá-lo.

- Coitado do meu amigo. – Diz Fernando. – Espero que essa mulher pague pelo que fez.

Gabriel estava concentrado, olhando para uma mulher morena sentada a algumas mesas de distância. Ela também o olhava, e sorriu para ele. Laura percebe a falta de atenção de Gabriel na conversa.

- O que foi? – A legista pergunta.

- Ainda não sei. – Diz Gabriel, que se levanta.

A mulher se levanta e vai rapidamente até a porta dos fundos do restaurante. Gabriel a segue. Ele passa pela porta e sai em um longo corredor. Ao longe Gabriel vê a mulher correndo. O delegado a manda parar. Ela olha para trás e então segue com sua fuga, virando à esquerda no fim do corredor. Gabriel saca sua arma e corre para alcança-la.

O delegado chega ao fim do corredor. Uma lâmina surge e atinge sua mão. Ele grita. Sua arma cai ao chão. A lâmina o atinge no abdômen. Gabriel emite um gemido seco. Ele olha a mulher nos olhos.

- Traidor. – Ela diz para ele.


A lâmina sai do corpo de Gabriel, e ele cai ao chão.

POR VINÍCIUS VIEIRA DE FARIA.
EM 15/SETEMBRO/2015.

terça-feira, 28 de julho de 2015

A AMANTE DE SANGUE - CAPÍTULO 3

O delegado estaciona seu carro em frente a um restaurante de comida italiana. Aquele seria um bom lugar para jantar, pensa Gabriel, mas naquele momento era apenas a cena de um crime. O delegado desceu de seu carro acompanhado do detetive. Ambos entraram no estabelecimento, e um policial se aproximou.

- Olá delegado. O detetive e a legista estão nos fundos, lhes esperando.

- Por que nos fundos?

- Porque foi onde ocorreu o homicídio.

Ao sair pela porta dos fundos do restaurante, Gabriel se depara com um corredor estreito que ia dar na rua. Logo à frente estavam alguns policiais, o detetive Paulo e a perita criminal que estava abaixada próximo ao corpo. O delegado se aproxima do grupo de agentes.

- Olá. – Ele diz.

Todos se viram para cumprimentá-lo. Paulo aproxima-se do delegado.

- Olá chefe. – responde o detetive.

Laura levanta-se, permitindo que Gabriel tenha uma visão ampla do corpo. Ao observá-lo, Gabriel percebe que era um homem, e que havia uma grande mancha vermelha no peito dele.

- O que temos aqui? – pergunta Gabriel.

- O nome do indivíduo é Carlos Silveira. Advogado. – responde Paulo.

- Muito interessante.

- Interessante por que delegado? – pergunta o detetive.

- Porque esse é o nome do sócio da primeira vítima.

Todos olham para Gabriel surpresos. O delegado observa mais um pouco o corpo. Nota que as calças da vítima estavam abaixadas, e que o órgão genital havia sido removido.

- O mesmo modo operante? – Ele pergunta a Laura.

- Sim. O mesmo. – A legista responde.

- Então é a mesma criminosa.

O detetive Fernando se aproxima do grupo.

- Delegado. – ele diz.

- Sim. – Gabriel responde virando-se para o detetive.

- O gerente disse que a vítima chegou ontem à noite, após as vinte e duas horas. Ele jantou, pagou a conta e foi ao banheiro. E depois não apareceu mais.

- E o gerente não achou estranho ele não ter aparecido de novo?

- Não. Ele achou que o homem havia saído pelos fundos.

- E quem o encontrou aqui?

- Uma das funcionárias do dia. Ela ia entrar pelos fundos para começar o expediente dela e acabou encontrando o corpo. Ela ligou para o gerente, que por sua vez chamou a polícia.

- Esse gerente notou a presença de alguém suspeito?

- Sei o que está querendo saber chefe. Mas o gerente disse que nenhuma ruiva esteve aqui ontem à noite. Porém ele disse que uma loira de cabelo curto usou o banheiro no mesmo horário em que a vítima. Ela demorou cerca de vinte minutos, mas depois reapareceu, pagou a conta e saiu pela porta da frente.

- E ela já estava no restaurante quando esse homem foi ao banheiro? Ou ela chegou depois?

- O gerente disse que ela chegou logo depois do homem.

- E o que vestia?

- Vestido preto.

- Certo.

Gabriel se vira para os demais.

- Terminem aqui e vão para a delegacia. Temos uma criminosa perigosa para prender.

***

Laura estava em seu laboratório realizando alguns exames. A perita estava inclinada sobre o balcão escrevendo em uma ficha. Um vulto surge atrás da mulher, se aproximando silenciosamente.

- Tudo bem aqui? – pergunta Gabriel assustando Laura. A perita salta sobre o banco em que estava sentada e grita com o chefe.

- Você quer me matar do coração?

- Desculpe. – ele sorri.

- Tudo bem.

- O que está fazendo?

- Olhei a faca do primeiro homicídio. Infelizmente não havia digitais nela.

- Isso não é bom.

- Imagino que não.

- Algo mais?

- Sim. Os resultados do legista chegaram. Essa vítima foi morta com uma faca menor do que a usada no primeiro homicídio.

- Isso não ajuda muito.

- Sei que não. Mas tem um fato interessante.

- E qual é?

- Em ambos os casos, a assassina era canhota.

Gabriel sorri para Laura.

- Isso é muito útil.

O detetive Paulo bate na porta.

- Com licença.

Gabriel se vira.

- Pode entrar.

Paulo aproxima-se dos dois.

- Eu acessei os arquivos e entrei em contato com várias delegacias no estado.

- E?

- E não existe nenhum crime ocorrido em Goiás que se assemelhe com o nosso caso.

- Mas...?

- Mas existem dois homicídios semelhantes que ocorreram na cidade de São Paulo há dois anos. Eu liguei para a delegacia responsável pelo caso. Mas infelizmente, eles disseram que nunca encontraram nenhum suspeito, nem vestígios na cena do crime e nem testemunhas. O delegado de lá disse que o criminoso era um fantasma.

- Entendo. Então acho que vamos ter que nos virar por aqui. Havia sistema de vigilância no restaurante?

- Infelizmente não delegado. E eu chequei o beco onde ocorreu o crime, e não havia nenhuma câmera que pudesse ter filmado o ocorrido.

- E quanto às fitas do primeiro caso? Alguma coisa útil?

- Infelizmente não. Eu analisei as fitas com o técnico do laboratório. A criminosa deixou sua face escondida com o cabelo. Ela soube evitar com facilidade as câmeras.

- Isso quer dizer que ela conhecia a cena do crime, mas duvido que ela torne a voltar nesses locais.

Todos olham para a porta ao escutarem uma batida.

- Com licença. – diz o detetive Fernando, entrando na sala.

- O que descobriu?

- Eu falei com a esposa da vítima como o senhor pediu. O nome dela é Larissa. Ela é morena e estava arrasada. Segundo ela o marido não tinha inimigos, e ela não faz ideia de quem poderia ter feito aquilo com o marido.

- E ela, onde estava quando tudo ocorreu?

- Ela ficou na casa da mãe até as onze.

- E você verificou esse álibi?

- Sim. A mãe se chama Paula e estava junto com a filha no hospital.

- Certo.

- Então nós não temos nada? – pergunta Laura.

- Correto. – responde Paulo.

- Não creio. – interfere Gabriel.

- Como assim chefe? – pergunta Fernando.

- Os dois homens se conheciam, e até mais do que isso, eles trabalhavam juntos. E até onde sabemos ambos foram mortos enquanto traiam suas esposas.

- E o que isso quer dizer? – pergunta Laura.

- Que sejam quem forem as responsáveis por isso, uma coisa elas tem em comum.

- E o que é? – pergunta Paulo.

- Ambas foram traídas.

***

- No que está pensando? – pergunta Laura. Ela toma um gole de sua bebida.

- Gostaria de saber por que uma mulher faria algo assim? – Responde Gabriel. Ele também toma um gole da sua bebida.

Os dois estavam em um restaurante, tomando suas bebidas, e esperando o jantar.

- Como você mesmo disse, provavelmente foram traídas.

- Sim. Mas se for esse o caso, as duas devem ter alguma relação.

- E por que acha isso?

- As chances de dois crimes semelhantes e independentes como esses, acontecerem em um período de tempo tão curto, são mínimas.

- Então você acha que as duas criminosas são cumplices?

- Tenho quase certeza disso.

- Compreendo. Você é realmente muito inteligente.

- Obrigado.

Laura inclina-se sobre a mesa, leva sua mão na direção da de Gabriel e a segura. Os dois se olham nos olhos.

Do outro lado do bar, uma mulher de cabelos negros, usando um vestido preto de alças, observa de forma discreta o casal. A mulher estava sozinha e observava do canto, prestando muita atenção nos agentes. Seu interesse aumenta ainda mais quando vê Laura segurando a mão de Gabriel. A mulher percebe que o delegado usava uma aliança, enquanto Laura tinha a mão desnuda.

Em sua mente surge apenas um pensamento...

“Traídor”.

No outro lado do restaurante Gabriel repreende Laura de forma sútil.

- Já lhe disse para não fazer essas coisas Laura. Não quero que alguém nos veja assim, e pense o que não deve.

- Desculpe. – A perita retira sua mão de cima da do delegado.

O jantar de ambos chega, e do outro lado do bar a mulher se retira.

***

Gabriel entra em casa.

Sua esposa surge no corredor que liga a sala ao quarto.

- Chegou cedo hoje.

- Sim.

Ligia se aproxima de Gabriel e o cheira.

- Não parece ter bebido hoje.

- Bebi apenas uma taça enquanto jantava.

Ela o observa. E então sorri.

- Tudo bem. – Ligia diz. – Tome um banho e venha para a cama.

***

Gabriel entra em seu quarto. Uma toalha está enrolada em sua cintura, e seu corpo ainda está um pouco húmido. Ligia está deitada na cama, usando uma camisola transparente.
Ele observa os belos seios de sua esposa, suas belas curvas e seus lindos olhos. Gabriel deita-se sobre sua esposa, seu corpo fazendo pressão contra o dela. Lígia sente o calor de seu marido, e gosta da sensação. Os dois se beijam primeiro de forma delicada, e então de maneira voraz.

Seus corpos se entrelaçam. Lígia sente a pele molhada de seu marido e fica excitada. Gabriel rola na cama e puxa sua esposa para cima de si. Com suas mãos ele levanta a camisola dela e a despi. Gabriel beija o pescoço de Lígia, e então seus lábios deslizam até o seio direito dela e o abocanham, sugando-o com força. Ela geme.

Lígia arranca a toalha de Gabriel. Ela desliza sua boca pelo corpo de seu marido, até encontrar o pênis dele. Ela coloca o membro na boca e o chupa com força, por vários minutos, alternando entre chupadas fortes e passadas de língua em torno da glande.

Gabriel a puxa para cima. Os dois se beijam. Então ela se senta sobre a pelve dele. Ligia levanta seu quadril expondo sua vagina. Ela segura o pênis de Gabriel, o posiciona e então se senta sobre ele, gemendo logo em seguida.

POR VINÍCIUS VIEIRA DE FARIA
EM 28/07/2015.