sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A AMANTE DE SANGUE - CAPÍTULO 5

- Onde está meu marido? – Pergunta Lígia a uma enfermeira no balcão do hospital.

- Quem é seu marido? – A enfermeira pergunta.

- O delegado.

- Acalme-se senhora. Seu marido está na cirurgia. Nós a avisaremos assim que tivermos 
notícias.

- Eu quero vê-lo agora! – Ligia diz gritando.

- Ligia. – Fernando chama por ela. Ligia vira-se para ele e o abraça. – Está tudo bem. 
Acalme-se. Ele vai ficar bem.

- Você tem certeza? – Ela pergunta se afastando de Fernando.

- Tenho. Não conheço uma pessoa mais forte que o Gabriel.

- Mas o que aconteceu?

- Estávamos jantando quando ele se levantou e foi atrás de alguém. Quando o alcançamos 
ele estava caído no chão e coberto de sangue.

Laura surge atrás de Fernando. Ligia não gosta de vê-la ali.

- O que está fazendo aqui? – Ela pergunta à legista.

- Eu estava jantando com os dois. Sinto por seu marido.

Ligia olha para Laura com indiferença. – Obrigada. – Ela responde.

O médico se aproxima do trio.

- Quem é o parente mais próximo do delegado Gabriel? – Ele pergunta.

- Sou eu. – Ligia responde. – Sou a esposa.

- Seu marido sofreu um ferimento no diafragma. Acreditamos que tal ferimento foi causado 
por uma lâmina, provavelmente uma faca de tamanho pequeno á médio.

- E como ele está doutor? – Ligia pergunta.

- A cirurgia correu bem. Ele está estável. Agora cabe a ele se recuperar.

- E eu posso vê-lo?

- Sim.

***

Tudo estava escuro, até que surge uma fresta de luz que começa a se expandir aos poucos.

- Ele está abrindo os olhos. – Gabriel escuta alguém falando.

Aos poucos os olhos de Gabriel se abrem mais. Sua visão está embaçada. Ele pisca. Na sua frente está Ligia. Ela segura e aperta a mão dele.

O coração de Gabriel fica cheio de alegria. Ver sua amada esposa mais uma vez era algo inimaginavelmente maravilhoso para ele. Os dois sorriem um para o outro.

- Oi! – Ele diz para ela.

- Oi? – Ela começa a chorar. – Você me vem com um “Oi” depois de quase ter morrido? Eu deveria te dar uma surra.

- Claro. Afinal esse é seu jeito de demonstrar que me ama. – Ele sorri novamente.
Ligia pula sobre Gabriel e o abraça.

Ele se contrai embaixo dela. – Cuidado com meu ferimento.

- Desculpe. – Ela diz se levantando.

- O Fernando está aí?

- Está. Vou chama-lo.

Fernando e Laura entram no quarto.

- E aí chefe. – Fernando cumprimenta o delegado. – O senhor é duro na queda em.

- Pode ter certeza que sim. O que descobriu no local onde fui atacado?

- Ainda não sabemos. Outro perito ficou responsável por analisar o local do ataque. Mas duvido que consigamos algo de relevante.

- Concordo. Mas eu posso fornecer uma informação importante.

- E qual é? – Pergunta Laura.

- Confirmei que a assassina é morena.

- E como sabe que ela era a assassina?- Fernando pergunta.

- Instinto. Ela nos observou a noite inteira. E depois fugiu quando eu fui atrás dela.

- E porque ela estava te observando? – Ligia fica curiosa.

- Acho que ela observava a todos nós.

Fernando e Laura se entreolham. Ligia fica surpresa.

- Pensem bem. Primeiro ela foi atrás do Paulo. Agora ela veio até nós, nos observou e me 
atacou quando teve oportunidade. Ela está nos visando. Eu só não sei o motivo.

- Talvez não goste de quem investiga suas ações. – Comenta Fernando.

- É uma possibilidade. – Responde Gabriel. – Mas pela minha experiência, as coisas nunca são assim tão simples.

- O que quer dizer com isso chefe?

- Que talvez tenha algo mais por trás desses ataques que sofremos.

- Pode ser.

- Tenham cuidado vocês dois. – Gabriel diz para Laura e Fernando. – Ela pode atacar novamente.

- Sim senhor. – Diz Fernando.

- Sim. – Confirma Laura.

- Agora vocês podem ir. Quero ficar sozinho com minha esposa.

***

“Eu te amo.”

Diz Gabriel.

“Eu sei. Também te amo. Mas se você me assustar assim de novo eu te mato.”

Responde Ligia.

Ela estava deitada junto de seu marido. Sua cabeça repousava sobre o peito de seu 
marido, e com sua mão ela acariciava o rosto dele.

- Ficou mesmo preocupada comigo?

Ela levanta a cabeça e o olha nos olhos.

- O que é que você acha?

- Um pouquinho? – Ele faz o gesto com os dedos demonstrando a quantidade.

“Tap.”

Ela o atinge com um tapa.

- Seu bobo.

“Hahaha.”

Ambos riem.

- Acho que você precisa comer alguma coisa.

- É. Tem razão. Mas você sabe que detesto comida de hospital.

Ligia olha Gabriel desconfiada.

- Está querendo me convencer a contrabandear comida para dentro do hospital?

Ele sorri.

- Pois deu certo.

Mais risadas.

Um longo e molhado beijo.

- Já volto. Acho que vi um restaurante italiano aí na frente.

Ela corre para porta. Ao passar cruza com Fernando.

- E aí chefe. Como está se sentindo?

- Do mesmo jeito. E você? Está aqui para trazer alguma novidade?

- Infelizmente não. Os peritos não encontraram nenhum vestígio no local onde o senhor foi 
atacado.

- Entendo.

- Mas vamos continuar investigando.

- Não se preocupe Fernando. Logo estarei de volta.

- Tem certeza chefe?

- É claro. Esse ferimento não vai me segurar muito tempo. Isso posso garantir.

Toc! Toc!

Os dois olham para a porta.

- Como vocês estão rapazes? – Pergunta Laura.

- Bem. – Responde Fernando.

- Idem. – Gabriel complementa.

- Que bom. E onde está a “xerife”?

- Foi comprar algo que não tenha gosto de isopor. E não se refira a ela assim.

Laura levanta as mãos.

- Desculpe.

- Você tem notícias melhores do que as do Fernando.

- Não. Para falar a verdade, não tenho mantido contato com os peritos.

- E por que não?

- Porque meus interesses estão voltados para este hospital. Para esse quarto na verdade.

- Que seja. Responde Gabriel.

O delegado olha para o relógio na parede.

- Estranho!

- O que chefe?

- Já era para a Ligia ter voltado.

- Tentando mudar de assunto. Típico! – Laura diz.

- Estou falando sério. – Gabriel responde. Ele leva a mão até a mesa de cabeceira e pega 
seu celular. Na tela ele disca o número de Ligia.

O telefone toca três vezes e então é atendido.

- Que bom que atendeu. Onde você está?

Uma voz feminina e arrepiante responde.

- Sua esposa não pode atender no momento. E a culpa é toda sua.

- Quem está falando? Onde ela está?

A única resposta que Gabriel obtém é o som agudo e continuo da ligação perdida. 

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