domingo, 21 de junho de 2015

A AMANTE DE SANGUE - CAPÍTULO 1

O delicado vestido azul de seda escorre pelo corpo da bela mulher. Deitado sobre a cama, o homem observa maravilhado as belas curvas cobertas pela lingerie azul. Seu pênis começa a enrijecer, ficando ereto.

Ele não sabia como aquilo havia acontecido. Nunca tinha sido sortudo com as mulheres bonitas. Sempre fora bom em conquistar as mais tímidas e menos belas, se valendo da insegurança e solidão delas, para assim conquista-las e usá-las em sua diversão. Sua esposa era a mais bela que havia conquistado na vida, e mesmo assim ela não era o que se podia chamar de “um espetáculo de mulher”. Pelo menos não como aquela ruiva que dançava na frente dele naquele momento.

Ele apenas tomava uma bebida no restaurante, afogando a tristeza do dia. Planejava conquistar alguma moça insegura e sem autoestima para acabar com o estresse. Foi quando ela surgiu... Entrando pela porta, toda voluptuosa, com seu belo vestido de ceda azul celeste. Ela se sentou ao seu lado... O convidou para uma bebida... Os dois conversaram um pouco... E agora estavam ali naquele quarto de hotel.

A bela ruiva dançava lentamente. Quanto mais ela se insinuava, mais o homem ficava louco. Aos poucos ela se aproximou da cama, apoiou um dos joelhos sobre ela, depois o outro, e então engatinhou sobre seu parceiro.

Ele a toca na face, a olha nos olhos e deslumbra-se com a bela tonalidade verde-água. Sua mão escorrega suavemente para a nuca dela, ele a puxa para si e a beija. Ela fica deitada sobre ele, e enquanto suas línguas se entrelaçam, a mão dela desliza para debaixo de um dos travesseiros... E surge novamente... Com uma pequena faca em punho...

***

Um par de sapatos negros cruzava o corredor com passadas lerdas. Logo a frente uma porta estava aberta, e de dentro do quarto vozes eram ouvidas. Ao parar na porta o homem se depara com dois policiais que conversavam. Próximo a eles um homem bem vestido parecia abatido. Na frente dos policiais havia uma cama e sobre ela jazia um corpo.

Uma mulher loura examinava o corpo. Seus cabelos estavam presos, e ela usava um colete a prova de balas. No colete estava escrito “Perícia”.

- O que você acha que aconteceu com esse idiota? – Pergunta o policial a direita.

- Tanto faz. Eu só quero ir para casa logo. – Responde o outro policial.

- É mesmo? – O homem na porta pergunta.

Os policiais viram-se assustados e deparam-se com um homem de expressão cansada, olhos verdes, cabelos castanhos, trajando um terno preto surrado, uma camisa branca amarrotada e sapatos negros.

- De... de... delegado Gabriel... – Diz o policial a direita. – Não sabia que o senhor viria para cá.

O Delegado se aproxima.

- Minha presença lhe incomoda oficial Paulo? Estava com pressa de ir a algum lugar?

- Não senhor. – Responde o policial a direita. – É só que meu turno já acabou.

- Entendo. Bem, imagino que devamos ser gratos por você poder ir para casa encontrar sua esposa, já que o nosso companheiro ali não teve essa mesma sorte, não é mesmo oficial?

- E... e... eu sinto muito senhor.

- Imagino que sim. – O delegado olha para o outro policial. – Posso saber por que não tem um policial na porta, cuidando da entrada da cena?

- Nós não achamos que fosse necessário senhor. – O homem responde.

- Acharam não é. Eu preciso mesmo citar como é importante cuidar da segurança da cena do crime inspetor Fernando? Principalmente quando há agentes trabalhando nela?

- Não senhor.

- Eu deveria suspendê-los imediatamente devido a preguiça de vocês.

- Senhor, nós nã... – O policial é interrompido bruscamente pelo delegado.

- Silêncio. Não vou tomar essa atitude porque não há outros policiais aqui, e porque vocês não deixaram a perita sozinha. Mas eu espero que esse erro não torne a acontecer.

- Obrigado senhor! Não tornará a acontecer.

- Assim espero. Agora, você vai ficar na porta do lado de fora fazendo a segurança. E não deixe ninguém entrar se não for um policial. Entendido?

- Sim senhor!

- Ótimo! – O delegado diz, e então se vira para o outro policial. - Inspetor Paulo, quem é aquele homem? – O delegado pergunta, indicando com a cabeça o homem bem vestido.

- É o gerente do hotel senhor.

- E por que ele está aqui?

- Para responder nossas perguntas senhor.

- Aqui? Na cena do crime? Diante de um corpo? Ficaram malucos? – O delegado grita, assustando o gerente. – Vocês são muito incompetentes mesmo. Leve-o para o saguão do hotel, dê-lhe um copo d’água e deixe-o sentado para que se acalme.

- Sim senhor.

Os dois oficiais acompanham o gerente até a saída. Um fica na porta, enquanto o outro segue pelo corredor com o gerente.

O delegado aproxima-se da cama para conseguir uma visão melhor do cadáver.

O corpo estava deitado sobre a cama com o ventre voltado para cima. Os braços e pernas estavam afastados do corpo. Havia muito sangue sobre o corpo e também nos lençóis. Na garganta havia um grande corte, e o pênis havia sido removido e arremessado para longe da cama.

Gabriel observa aquela cena de forma firme, sem se abalar. Como se aquilo fosse à coisa mais natural do mundo para ele.

A mulher levanta-se da cama e vira-se, revelando pela primeira vez seu belo rosto branco e seus olhos azuis. Sobre a mesa de cabeceira havia uma mochila com objetos. A perita coloca um frasco dentro da mochila e pega uma prancheta, na qual começa a escrever. Enquanto escreve ela fala com o delegado.

- Você parece de mal humor... Como sempre.

- Não estou de mal humor. Só não suporto incompetência. E você sabe disso Laura.

A perita sorri.

- Entendo. E como vai a esposa?

- Como sempre.

- Tão mal assim?

- Não se preocupe. Está tudo bem.

- Está? Tem certeza?

- Tenho.

- Está bem.

- O que temos aqui?

- Homicídio. A vítima teve a garganta cortada. – A perita coloca a prancheta sobre a mesa, pega um saco plástico lacrado que estava com uma faca cheia de sangue, e o leva para o delegado. – Essa faca estava dentro da pia do banheiro. Terei que fazer mais exames, e o legista terá que confirmar, mas com certeza foi essa a arma do crime. O pênis foi removido, provavelmente com essa mesma faca.

- Compreendo. E quem é ele? Você encontrou alguma identificação?

A perita vai até sua mochila novamente e pega a prancheta e uma carteira. Ela volta para perto do delegado.

- Marcos Aurélio. 32 anos.

- Certo. Vou deixar você terminar aqui, e depois continuamos na delegacia.

- Tudo bem senhor.

- Ótimo. Agora vou até a recepção do hotel para interrogar o gerente.

***

O gerente estava em sua sala, sentando atrás de sua mesa, bebendo água com açúcar. O investigador lhe fazia companhia até que o delegado chegou e pediu que ele esperasse do lado de fora do aposento. Depois que o homem saiu o delegado sentou-se na cadeira que estava em frente à mesa do gerente.

- Eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas senhor. Tudo bem?

- Tudo. Pode perguntar o que precisar.

- Obrigado. O senhor viu quando aquele homem chegou?

- Sim. Eu estava na recepção. Eram por volta de vinte horas.

- E viu a pessoa com quem ele chegou?

O homem acena positivamente com a cabeça.

- Era uma bela mulher. Ruiva, de cabelos lisos e longos. De olhos claros. Estava de salto alto, mas acho que tinha cerca de um metro e sessenta. Pele clara. Um lindo corpo cheio de belas curvas. Usava um vestido azul celeste de seda e também luvas azuis de seda.

- E o senhor viu quando ela desceu?

- Vi sim. Ela desceu uns trinta minutos depois.

- Ela estava com alguma bolsa?

- Uma pequena bolsa azul, combinando com o vestido.

- Qual a idade dela?

- Menos de trinta.

- Certo. Algum outro detalhe?

O homem fica pensativo, tentando se lembrar de algo.

- Os dois entraram de braços dados. Eu estranhei.

- Por quê?

- Não é comum ver uma mulher jovem e bela como aquela ao lado de um homem de má aparência como aquele. Eu imaginei que fosse uma prostituta ou amante dele, mas não fiz perguntas.

- Entendo. Algo mais?

- Nada que eu consiga me lembrar. Acho que é só.

- O senhor já tinha visto essa mulher aqui no hotel? Ou em algum outro lugar?

- Sinceramente, não me lembro de tê-la visto antes.

- Certo. Existem câmeras nesse hotel?

- Sim. Na recepção, e também nos corredores.

- Ótimo. Vou precisar do tape dessa noite. O investigador Paulo ficará responsável por pegá-lo. Tudo bem?

- Sim. Tudo.

- Mais uma coisa. Existe algum bar ou restaurante aqui perto?

- O mais próximo é o bar da Realeza. Nessa mesma rua, cerca de um quilômetro daqui, seguindo no sentido da Avenida Barão Branco.

- Ótimo. Muito obrigado senhor.

***

Gabriel entra no bar. Parado na porta ele observa o ambiente não muito sofisticado. O local não estava muito cheio. Havia apenas algumas pessoas sentadas nas mesas. O delegado atravessa o estabelecimento até o balcão, onde se senta. O Barman se aproxima.

- O que deseja?

- Uma taça de vinho. – O delegado responde.

O homem se afasta até a mesa de bebidas. Ele retorna com uma taça de vinho e a coloca na frente do delegado.

- Aí está!

- Obrigado.

- Mais alguma coisa?

- Sim.

O delegado pega uma foto do homem morto que estava no hotel e a mostra ao barman.

- Esse homem esteve aqui essa noite?

O barman observa a foto com cuidado.

- Esteve sim.

- Se lembra da hora?

- A hora exata não. Mas diria que foi antes das oito da noite. Talvez as sete.

- E ele estava sozinho?

- Quando chegou estava. Mas então uma ruiva chegou e puxou conversa com ele. Ele gostou dela, o que não foi nenhuma surpresa, pois ela era muito bonita. Os dois beberam um pouco e então saíram.

- Entendo. Essa ruiva estava usando um vestido azul?

- Sim.

- Mais uma coisa. Aqui tem sistema de câmeras?

- Temos, mas não vai ajudar em nada.

- E por que não?

- Porque está danificado.

- E nenhuma das câmeras funciona?

- Não. Estão todas desligadas. Estão aí para amedrontar os ladrões.

- Está bem.  Obrigado pela atenção.

- Por nada.

O barman se afasta, e o delegado bebe todo o vinho de sua taça.

4 comentários:

  1. Oi Vinicius! Aqui é a Bruna do blog Estante Predileta...não sabia que você tinha blog, achei que era somente canal no youtube.....passando pra fazer uma visitinha aki e desejar mt sucesso! :D

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    1. Obrigado Bruna. Fico feliz com sua visita. Espero que torne a me visitar. Um grande abraço!!!

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  2. Quando sai o próximo capítulo????!!! Adorei o primeiro e quero saber o que vai acontecer!!! Beijos
    http://chuvacobertaelivros.blogspot.com

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    1. Oi. Estou finalizando o capítulo, e logo postarei. Estou um pouco enrolado porque comecei a trabalhar, mas logo estará disponível. Fico feliz que esteja gostando, isso é muito revigorante. Obrigado. Um grande beijo!

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